Jenipapo

O jenipapo, conhecido em tupi-guarani como “fruta que serve para pintar”, é uma espécie presente em diversos biomas brasileiros – incluindo Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal. Os frutos, raízes e casca do Jenipapeiro são frequentemente utilizados para fins medicinais, como repelente, é ingrediente de bebidas, doces, etc. A tintura obtida através da adição de carvão ao sumo oxidado do jenipapo é de extrema relevância por sua ampla utilização entre os povos indígenas, com registros de sua utilização entre os Tapajós, Kayapós, Tikunas, entre outros.

Talvez sua aparição mais icônica seja a intervenção realizada por Ailton Krenak, durante a Assembleia Constituinte de 1987, quando diante do congresso, o escritor subiu à tribuna e enquanto aplicava a tintura no rosto, discursou em protesto aos retrocessos nos direitos de povos indígenas, intervenção essa que influenciou a aprovação dos artigos 231 e 232 da Constituição Federal, cláusulas que visam garantir aos povos originários a proteção de suas práticas e tradições e o direito à demarcação de suas terras.

A pintura com a tintura de jenipapo serve para proteção contra males espirituais e físicos, precedendo lutas e rituais, e é um importante aspecto da vida comunitária e organização social dos povos originários, visto que cada etnia tem maneiras distintas de transmissão de suas práticas ancestrais, incluso quem pode participar do preparo da tintura, quem pode fazer a aplicação e qual o objetivo que cada uma busca na realização da pintura corporal.

Nesse sentido, a referência a Krenak é oportuna no que remete aos atuais conflitos relacionados à tese do Marco temporal, visto que a conservação das florestas está diretamente ligada à autonomia das comunidades indígenas e à proteção de suas práticas ancestrais.

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