VIII CONGRESSO DE ESTUDOS POSCOLONIAIS IX JORNADAS DE FEMINISMO POSCOLONIAL “O FUTURO DO FIM DO MUNDO. PENSAMENTO SELVAGEM, MEMÓRIAS E ARTIVISMOS DESDE O SUL” (2023)

Com mais de 250 participantes de diversos países, incluindo Brasil, Colômbia, Cuba, Uruguai, Argentina, Chile, Estados Unidos, Espanha, intelectuais, artistas, ativistas, poetas, 92 organizações e universidades da América Latina, conforme expressão de Lélia Gonzalez, comunidade LGBTQI+, povos originários de Abya Yala (Mapuche e Yanakuna) e comunidades afrodescendentes da América Latina (Lélia Gonzalez), ocorreu nos dias 6 e 7 de dezembro de 2023, o VIII CONGRESSO DE ESTUDOS POSCOLONIAIS IX JORNADAS DE FEMINISMO POSCOLONIAL “O FUTURO DO FIM DO MUNDO. PENSAMENTO SELVAGEM, MEMÓRIAS E ARTIVISMOS DESDE O SUL”. A 40 anos da democracia na Argentina e 50 anos do golpe de estado no Chile e Uruguai.

O evento acadêmico internacional, fundado em 2010 com as I Jornadas Feministas Poscoloniais, manteve sua sede no Auditório Lectura Mundi, Campus Miguelete da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), Buenos Aires, Argentina. Organizado pelo Núcleo NuSur de estudos poscoloniais, performances, identidades afrodiaspóricas e feminismos da Escuela Interdisciplinaria de Altos Estudos Sociais da UNSAM, a Rede de Feminismos Poscoloniais desde o Sul, o Grupo de Trabalho Epistemologias do Sul, contou com o apoio da Agência Nacional de Promoção da Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais e o Programa Sul-Sul de CLACSO.

Em diálogo com o projeto Poéticas do Mar/Vozes do Sul & Diálogos Transatlânticos. Plataforma Mundial para Descolonizar as Artes & Cosmopolíticas/Mar Poéticas/Vozes do Sul & Diálogos Transatlânticos. Plataforma Mundial para Descolonizar as Artes & Cosmopolíticas; o Projeto PIP CONICET (Nº 012936/21) “As tramas do artivismo: cartografias de preexistências frente ao ecocídio” (Sede EIDAES-UNSAM), e uma extensa rede de instituições como:

• Cátedra UNESCO de Gênero, Diversidade Cultural e Fronteiras (UFGDS, Brasil);
• II Colóquio Lélia Gonzalez: Psicanálise e Amefricanidade, Rede de Pesquisa e Formação Lélia Gonzalez. Bases para uma Psicanálise Contra-Colonial, Brasil – “As Formações do Inconsciente Racializado: Lélia Gonzalez e o Horizonte Político da Amefricanidade”;
• UNIRIO (Brasil);
• UFRJ (Brasil);
• Rede de Violências e Subjetividades em Contextos de Vulnerabilização. Necropolítica e Lutos. Programa de Interesse Institucional em Violência e Sociedade, Universidade da Costa Rica;
• Universidade Federal de Integração Latino-Americana (UNILA, Brasil);
• Universidade Autônoma Metropolitana-Xochimilco, México;
• Kenyon College (EUA);
• Universidade Nacional de Buenos Aires (Faculdade de Ciências Sociais e Faculdade de Filosofia e Letras);
• Cátedra de Pensamento Latino-Americano, Centro de Investigaciones “María Saleme de Burnichon” (C.I.F.F. y H.) | F.F. y H (Universidade Nacional de Córdoba);
• Universidade Nacional de Catamarca;
• Universidade Nacional de Cuyo;
• Universidade Nacional da Patagônia San Juan Bosco;
• Universidade Gral Sarmiento.

Entrelaçando as apresentações com performances e artivismo, “Vidas negras, indígenas, disidentes, trans feministas, importam”, foram criados espaços diversos de performances e artivismo. A conferência de encerramento e o ato de encerramento – sob responsabilidade da diretora do Congresso, Dra. Karina Bidaseca, e coordenadora do Programa Sul-Sul de CLACSO, e do Diretor do Área de Investigaciones de CLACSO, Dr. Pablo Vommaro – foram transmitidos pela CLACSO TV e Facebook. Com mais de 500 visualizações e postagens, todas as atividades foram transmitidas AO VIVO pelo Instagram @jornadasfeminismoposcolonial e @nusur e YouTube da Rede https://www.youtube.com/channel/UCMHpmi5B2ZHLPYBDx2NsCVQ

A abertura do congresso foi uma leitura de ensaio poético, intitulada “Somos as netas de todas as machis que não puderam queimar”. O texto, lido em mapuzungun e castelhano, foi apresentado pela escritora mapuche Liliana Ancalao Meli (à esquerda).

A conferência de encerramento intitulou-se: “Expressões de Feminismo Espiritual: Cuidado da Vida nos Territórios por meio das Culturas e Saberes Ancestrais realizados por Mulheres Indígenas na Colômbia”. Foi ministrada pela Dra. Adriana Anacona Muñoz (Universidade do Vale, Colômbia), mulher indígena do povo Yanakuna, Colômbia.

A conferência foi transmitida AO VIVO pela CLACSO TV e pelo Facebook. Assista à conferência de encerramento aqui.

Contamos com a participação das Mulheres Indígenas do Terceiro Malón da Paz, Jujuy, Argentina. Apresentaram o reclamo pelo direito aos seus territórios ancestrais. Em sintonia com o II Colóquio Lélia Gonzalez Psicanálise e Amefricanidade, Rede de Pesquisa e Formação Lélia Gonzalez. Bases para uma Psicanálise Contracolonial, Brasil, realizado de 1 a 6 de dezembro em Brasília, São Paulo, Recife e Buenos Aires: As Formações do Inconsciente Racializado: Lélia Gonzalez e o Horizonte Político da Amefricanidade.

Homenagens a ancestrais e ancestrais: Lélia González (Brasil) em sintonia com o Colóquio; Nêgo Bispo (Brasil); Maria Remedios de Valle (Argentina); Enrique Dussel (Argentina-México); Apresentação de livros e revistas; Obra musical “O Olhar do Jaguari: Uma Abordagem Sonora” por Matías I. Lustman, músico e compositor experimental, e o encerramento musical do Ensamble Axolote.

Desenvolvemos Ações Ecopoéticas – 3ª edição da Escola de Artivismo Decolonial do Sul com o apoio da Cátedra UNESCO/UFGD; Recital de Poesia. Um Quarto Improprío com a participação de Liliana Ancalao, Leticia Hernando e Alejandra Correa.

Nos dois dias, diversas Ações Ecopoéticas/Talleres da 3ª Edição da Escola de Artivismo Decolonial do Sul foram desenvolvidas com o apoio da Cátedra UNESCO/UFGD. Em 6 de dezembro, realizou-se o TALLER CORPOGRAFÍAS E MEMÓRIA DO EXÍLIO. Vamos Descolonizar Nossos Corpos!

A partir de uma perspectiva feminista e disidente, Karina Bidaseca (AR) Curadora da obra de Ana Mendieta (NuSUR/Professora Titular. Universidade de Buenos Aires/Universidade de San Martín, pesquisadora principal do CONICET); Adriana Anacona Muñoz (CO) Líder indígena Povo Yanakuna (Prof. Universidade do Vale), com a facilitação de Rocío Sosa (AR) Prof. UNLP/NusUR, María Clara Cavalcanti (UFRJ, Brasil) e Hariagi Borba Nunes (UFGRS, Brasil), revolucionaram sensibilidades por meio de práticas artísticas situadas entre os anos 1960 e a atualidade de artistas chilenos, brasileiros, colombianos e cubanos.

É um ato político e deliberado de deslocamento, de abertura do tempo e do espaço, quando nos deixamos “afetar” pela arte dos anos setenta e oitenta: os Quipus de Cecilia Vicuña (Chile); o deambular ambulatório de Lygya Clark; Parangolés, Bólides, Psicofotos de Hélio Oiticica (ambos do Brasil); as Silhuetas de Fogo da magmática Ana Mendieta (Cuba); os tecidos das mulheres Yanakuna, entre outros. Cada taller abordou as revoluções sensoriais que cercam as vívidas reflexões dos artistas sobre conceitos poéticos.

Para conferir mais registros acesse a conta do Instagram: @escuela_de_artividades_del_sur

Quipus Menstrual. Obra coletiva realizada com papel crepe. Buenos Aires, 6/12/2023.
Quipus Menstrual. Obra coletiva realizada com papel crepe. Buenos Aires, 6/12/2023.

O segundo TALLER CORPOGRAFÍAS & PERFORMANCES: ¡A DESCOLONIZAR NOSSSO CORPOS! concentrou-se nos anos 1960-1980, período de intensa experimentação e revolução sensível nas transformações do arte e campo cultural brasileiro, chileno, colombiano, mexicano e argentino.

Nos EUA, a presença de artistas de cor na Galeria A.I.R (Artistas em Residência) em Wooster Street questionou o cânone. A Revolução Cubana (1959) e as guerras de independência e descolonização das antigas colônias africanas (Argélia, 1954-62) exploraram as formas do político na estética e ética do cotidiano. Hélio Oiticica denominou “Subterrânia” (1969) o “underground brasileiro e latino-americano que abraçava as condições ‘sub’ de estar localizado abaixo do equador.” Os Parangolés (1964) de Oiticica apresentaram capas e estandartes de samba da favela de Mangueira, no Rio de Janeiro. Nesse ano, ocorreu o golpe de Estado cívico-militar no Brasil, que se prolongou até 1985. Seguiram-se os golpes de Estado na Argentina (1966), Bolívia (1971), Uruguai e Chile (1973) e, a partir de 1976, a ditadura cívico-militar na Argentina se prolongou até 1983. Contexto que forçou artistas, pensadores, intelectuais, sindicalistas, estudantes, professores, ativistas e muitos dos 30 mil desaparecidos pelo regime militar a se exilarem.

Nos interessa trabalhar as polinizações cruzadas entre “legados pós-neoconcretos e pedagogias descoloniais”, os exílios e interstícios, as interseções entre arte, ativismos e feminismos descoloniais hoje, em meio a discursos negacionistas e fascistas que buscam instalar uma novo ordem social de disciplinamento dos corpos.

Parangolé Coletivo. Dança com Molas Africanas. Buenos Aires, 7/12/2023. Fotografia: Ludmila Lustman.

Taller de Chakana Metodológica. Espiritualidade a cargo da Dra. Adriana Anacona Muñoz, pueblo Yanakuna, Colômbia.
Chakana Espiritual, obra coletiva. Realizada sobre uma mola moçambicana. Com frutos, lãs, sementes, aromáticas, velas. 7 de dezembro de 2023.

A pergunta que permeou os diferentes espaços de palavra e sessões públicas “CorpoCosmopolíticas” foi: “Que sociologia, que antropologia, que filosofia, deveríamos pensar-inventar para o futuro do fim do mundo?”

O conceito de “Futuro Ancestral” do pensador, filósofo e escritor indígena Ailton Krenak (2022) expressa que a história hegemônica “serve para nos fazer renunciar aos nossos sonhos, e dentro dos nossos sonhos estão as memórias da terra e dos nossos antepassados” (p. 37). A vibração que provoca esse conceito é profundamente inspiradora. Nos devolve, desde seu pensamento “selvagem” (que não é o pensamento dos selvagens, como explica o antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro), uma alternativa à visão antropocêntrica, necrocapitalista e ocidental do mundo. Para o líder Yanomami Davi Kopenawa, são os Xapiri, os espíritos, os únicos que podem proteger o planeta azul profundamente danificado.

“Como habitar este planeta com responsabilidade?” pergunta-se a bióloga feminista cyborg Donna Haraway em seus livros, presente nos debates como sustentos epistêmicos críticos indispensáveis para enfrentar o ecocídio, quando a artista cubana Ana Mendieta já nos legou em suas performances, fundindo seu corpo na natureza.

O título do Congresso é homônimo ao do livro que funda a Coleção Pensamento Selvagem da Editorial El Mismo Mar. Nasceu inspirado na conversa mantida em setembro de 2022 com o pensador indígena Ailton Krenak e a diretora do Congresso/Jornadas Karina Bidaseca. Seu ponto de partida é o oxímoron que surge da ideia de pensar juntxs o futuro do fim do mundo.

Além das participações, houve:
•⁠ ⁠Um stand de livros de editoras feministas independentes e autogestivas.
•⁠ ⁠Apresentação do filme LEGERIN, EM BUSCA DE ALINA. SÍMBOLO DE LUTA DAS MULHERES CURDAS. Dir. María Laura Vásquez e produtora: Valeria Roig.

Apresentação dos seguintes livros e revistas:

•⁠ ⁠”O Futuro do Fim do Mundo. Vozes e textos de Jacque Andarahú, Karina Bidaseca, Matías Lustman, Rocío Sosa”, Buenos Aires, Ed. El Mismo Mar, 2023.

•⁠ ⁠”Frantz Fanon e Édouard Glissant. Onze ensaios desde o sul”. Ed. CLACSO-Qellqasqa, Mendoza, 2022. Alejandro De Oto e Karina Bidaseca (Org.) .) https://biblioteca-repositorio.clacso.edu.ar/handle/CLACSO/171370

•⁠ ⁠Lélia Gonzalez. Por um Feminismo Americano. K. Bidaseca e Raisa Inôcencio (coord.) Buenos Aires. Ed. El Mismo Mar. 2022.

•⁠ ⁠”Condição Pós-Colonial e Racialização: Uma Proposta Coletiva, Transdisciplinar e Situada”. Laura Catelli, Patricio Lepe Carrión e Manuela Rodríguez (eds.). Mendoza, Qellqasqa Editorial. 2021.

•⁠ ⁠”Os Glaciares Sentem (e Sangram). 50 + 40. Cecilia Vicuña. Artistas pela Memória em Wallmapu”, Karina Bidaseca. Buenos Aires. Ed. El Mismo Mar. 2023.

•⁠ ⁠Do Discurso ao Acuerpamento. Cooperação Feminista a Duas Margens. Ed. El Mismo Mar e Oficina de Cooperação ao Desenvolvimento e Solidariedade (OCDS) Universidade das Ilhas Baleares. No âmbito da campanha “Defendendo Mulheres Defensoras de Direitos #JuntasNosProtegemos”.

•⁠ ⁠Revista Interstícios da Política e da Cultura. UNC, Argentina. https://revistas.unc.edu.ar/index.php/intersticios

•⁠ ⁠Revista Estudos Pós-Humanos.

Agradecemos ao Comitê Acadêmico Internacional e ao Comitê Organizador.

● Núcleo NuSur – Núcleo Sul-Sul de Estudos Pós-Coloniais, Identidades Afrodiaspóricas e Feminismos (EIDAES/Universidade Nacional de San Martín)

● Cátedra Sociologia e Estudos Pós-Coloniais. FSOC-UBA

● Programa Sul-Sul CLACSO.

● Grupo de Trabalho Epistemologias do Sul (CLACSO)

● Grupo de Trabalho Afrodescendências e Propostas Contrahegemônicas (CLACSO)

Divulgação do Congresso/Notas Periodísticas

● Ações Ecopoéticas na 3ª edição da Escola de Artivismos Decoloniais do Sul com o apoio da Cátedra UNESCO/UFGD. 4/12/23.
https://catedraunesco.ufgd.edu.br/noticias/acoes-ecopoeticas-na-3-edicao-da-escola-de-artivismos-decoloniais-do-sul-com-o-apoio-da-catedra-unescoufgd

● Notícias UNSAM.
https://noticias.unsam.edu.ar/evento/viii-congreso-de-estudios-poscoloniales-ix-jornadas-de-feminismo-poscolonial-el-futuro-del-fin-del-mundo-pensamientos-selvagem-memorias-y-artivismos-2/

https://anpof.org.br/agenda/eventos/ii-coloquio-psicanalise-e-amefricanidade

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